Rechaço à permanência de qualquer vínculo da ADUnB com o escritório do advogado Roberto Caldas

 

 

 

É de conhecimento de todos/as associados/as que a ADUnB tem a Assistência Jurídica para seus/as afilhados/as há décadas com o escritório de advocacia do sócio [ou dono] Dr. Roberto de Figueiredo Caldas, representado por seus advogados que atuam na sede da ADUNB.

 

Em 2013, o juiz Dr. Roberto de Figueiredo Caldas foi nomeado pelo governo brasileiro para assumir uma função na Corte Interamericana de Direitos Humanos, onde desde então vinha atuando. No momento, Ele está sendo denunciado por violência física e doméstica contra sua ex-mulher, casado há 13 anos, com - Michella Marys Pereira. O juiz também é acusado de assédio sexual por duas babás dos filhos do casal. Violências estas que, perduraram por mais de uma década, segundo denúncia da ex-mulher e publicada em extensa reportagem na revista VEJA desta semana. Há outras tantas e diversas reportagens a respeito, disponíveis nas redes sociais.

 

O Dr. Roberto Figueiredo Calda ficou conhecido por sua eloquência quando proferia discursos em ‘defesa’ dos direitos humanos, de minorias e em favor das mulheres e da Lei Maria da Penha, embora, se manifestasse em relação a sua ex-mulher como: “cachorra”, “mentirosa”, “doida” e “burra”, além desta viver em constante ameaça, segundo informou.

 

O processo corre na Vara de Violência Doméstica e Familiar do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT), cujo advogado de defesa do juiz é o Dr. Antonio Carlos de Almeida Castro -, mais conhecido como Kakay. Este assevera que o juiz não batia em Michella e que Roberto Caldas se arrepende dos insultos, ao afirmar: “Ele tem um profundo arrependimento dessa agressão verbal que foi feita, mas repito, ele me afirma peremptoriamente que nunca houve agressão física. Mas é grave a agressão verbal. Não estou dizendo que não é grave. Vamos fazer esse enfrentamento. Ela quis fazer esse enfrentamento público, expondo os filhos deles e filho dela.”[1]

 

 Aqui, independentemente das motivações, das razões, assim como de outras questões e justificativas envolvidas que desencadearam práticas de violência contra a(s) mulher(es) é inadmissível que, senão por outros motivos, mas pela liturgia do cargo que ocupava, pois acaba de  solicitar afastamento do mesmo, este Senhor e seus ‘funcionários ou representados’ continuem a manter vínculos profissionais com a ADUNB, onde um  número significativo de associadas mulheres  não são dignas de ter assessoria jurídica oferecida por quem as desrespeita, as humilha e as agridem, obviamente, não materialmente, mas de maneira simbólica todas nós somos atingidas.

 

Assim como sócia há quase três décadas da ADUNB, e na condição de  pesquisadora feminista sobre as questões da  violência contra as mulheres, inclusive diante dos resultados de uma pesquisa recente realizada com (827 estudantes de graduação do campus Darcy Riberio), onde verificam-se elevados índices de violência de gênero, me sinto no dever moral de solicitar a ADUNB,  na direção atual ou  na vindoura, que se tomem providencias  para romper com esta Assessoria, não só pelas razões expostas mas por que como afirmado, nos sentimos também todas desrespeitadas e simbolicamente agredidas .

 

 

Sem mais, Atenciosamente,

 

Dra. Lourdes Maria Bandeira

Profa. Titular do Depto. de Sociologia

Universidade de Brasília

 

 

[1] Fonte: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2018/05/juiz-acusado-de-agressao-pede-licenca-de-corte-de-direitos-humanos.html

 

 

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