Fórum de discussões organizado pelo filósofo Adauto Novaes

 

 

 

SERVIÇO

 

Local: Escola Nacional de Administração Pública (Enap)

 

Horário: 18h30

 

Evento gratuito. Inscrições no local

 

Site Oficialhttp://www.mutacoes.com.br/

 

 

 

 

POLÍTICA EM MUTAÇÃO

 

Poucos negariam o diagnóstico: há uma evidente decomposição do sistema de representação política e do corpo político como um todo, o que deixa exposta a diferença abissal entre “governo democrático” e vida democrática, isto é, o povo criando de forma permanente e vivendo em democracia; vivemos um momento de incerteza e desordem, sérios conflitos criados pela ocupação das instituições do Estado por forças econômicas e entidades religiosas; falta de alternativas claras; redes digitais que surgem como os novos mediadores entre a sociedade e o Estado; crise dos partidos políticos; crise dos universais; singularização e fragmentação das lutas fora da visão da história e do futuro; a definição da “democracia” como “consumo democrático”, “supermercados dos estilos de vida”; mentiras sobre legitimidade política; pequenos e grandes golpes sem disfarce; e mais: democracias contemporâneas que se servem da técnica para estabelecer limites para o poder político do povo. Em síntese, um absoluto apolitismo.

 

Além dos velhos problemas que nascem ao mesmo tempo com as noções e as formas originárias da própria democracia – problemas como as ideias de representação política, o teológico-político, o chamado poder popular, as formas jurídico-políticas, a própria ideia de república etc. – é importante pôr em discussão também as novas questões trazidas à política pelas invenções técnicas e científicas.

 

A outra margem da política é isso: ir aos fundamentos da política para romper “as construções e idéias petrificadas, e retomar as coisas nas suas fontes”, de onde pode – e deve – surgir o novo: “começar pelo começo – aconselha Valéry – o que quer dizer recomeçar, refazer todo um caminho como se tantos outros não o tivessem traçado e percorrido…” É evidente que houve, ao longo da história, desvios das noções originárias da política, o esquecimento dos ideais preconcebidos; eis porque o futurosonhado jamais é verdadeiro hoje. Foi o que escreveu Wittgenstein a propósito da decadência: “Se pensamos no futuro do mundo, visamos sempre o ponto no qual ele estará se ele continuar a seguir o curso que fez hoje; não pensamos que ele não segue uma linha reta mas uma curva e que sua direção muda constantemente”. De desvio a desvio, chegamos à ilusão da democracia.

 

 

PROGRAMAÇÃO

 

 

 

 

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